Seja dizimista de você mesmo
Os brasileiros devem o equivalente a 30% da renda anual.
Hoje, seis em cada dez carros vendidos são financiados. Oito em cada dez pacotes da principal agência de turismo no Brasil são vendidos em 10 parcelas. O Brasil é o único país em que as passagens áreas da companhia americana American Airlines podem ser parceladas.
Recente publicação do instituto IPSOS na revista Exame Edição 997 constatou que dois em cada três brasileiros entrevistado ignoram o valor da taxa de juros de seus financiamentos. Cerca de seis em cada dez vão fazer novos empréstimos até o fim do ano. Cinco em cada dez afirmam que a sua decisão de compra é vinculada ao tamanho da parcela e não ao preço do produto.
A farra das parcelas é um fenômeno adotado inicialmente pela rede varejista Casa Bahia transformando em uma líder do mercado. A empresa liberou crédito aqueles que não tinham relação com mercado financeiro (cartão, conta corrente, etc) com um slogan onde o consumidor determinava quanto gostaria de pagar. Na medida em que a população migrou de classe com uma renda mais sólida, comprovante de endereço e conta corrente levaram consigo a pratica da parcela para todos os setores de consumo.
O problema é que o Brasil pratica a maior taxa de juros do mundo. Enquanto nos EUA no financiamento de um carro a taxa de juros fica em torno de 6% ao ano. Sim ao ano. No Brasil o mesmo financiamento pratica uma taxa de 30% ao ano. O brasileiro usa um quarto de sua renda para pagar empréstimo sendo que quase 60% do valor da parcela é para pagamento de juros.
O empréstimo hoje de um veículo zero km no valor de R$ 50.000,00 com pagamento de 20% de entrada e o restante em 72 meses a uma taxa efetiva de 30% a.a. resulta em uma prestação de R$ 1.116,00 mensais. O comprador do veículo no prazo de seis anos terá pago praticamente 90% a mais do valor original do carro para antecipar um desejo de consumo.
Nós brasileiros necessitamos colocar os pés no chão e passar a administrar melhora a nossa renda antes que o nosso endividamento venha de fato a se transformar em uma bolha de crédito que assolou o mundo em 2008.
Apesar da forte aceleração do consumo baseado na liberação de crédito fácil e da sede de consumo da nossa sociedade ainda temos um percentual baixo e de curto prazo comprado aos países ricos do nosso endividamento.
Chegou a hora de aprender a comer doce, ou melhor, de consumir com racionalidade. Precisamos aprender a poupar. Guardar dinheiro. Passar a ser dizimista da nossa poupança.
O texto de Malaquias no velho testamento no capitulo 3 versículo 10 e 11 diz:
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem medida. Também por amor de vós reprovarei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; nem a vossa vide no campo lançará o seu fruto antes do tempo, diz o Senhor dos exércitos."
Não desejo polemizar com as crenças evangélicas que assolam o país de norte a sul atrás de recursos para financiar suas "obras" e engordar o bolso de lideres inescrupulosos justificando pragas divinas para roubar a população menos avisada.
Vejo neste sábio conselho que aquele que guarda a décima parte da sua renda aplicada sem risco no tesouro, sempre terá recursos e todas as suas oportunidades de consumo serão bem aproveitadas. Em contra partida aquele que faz opção em não poupar passa a conviver com um devorador que lança mão do seu fruto antes da hora e corrói toda sua renda na figura exuberante dos juros bancários.
Seja dizimista de você mesmo. Faça poupança com sabedoria e passe dominar a sua renda planejando suas compras e não deixando o desejo de consumo e crédito fácil devorar seu ganho. O brasileiro deixou para trás o pior devorador da sua renda a inflação descontrolada. Infelizmente a cultura inflacionária permanece enraizada na nossa sociedade. Ainda não aprendemos a fazer planejamento financeiro.
Hoje o brasileiro que deseja comprar um veículo de R$ 50.000,00 reais e tem R$ 10.000,00 reais para pagar a vista e uma capacidade de poupança de R$ 1.116,00 aplicando em um fundo de renda fixa pode realizar seu sonho em trinta e um meses. Comparado com o brasileiro que optou em usar o devorador comprando financiado por 72 meses o seu carro teve uma economia de mais de R$ 40.000,00 que seriam pagos em juros aos bancos e passam a fazer parte da sua poupança se depositado até a ultima parcela de 72 meses. Este poupador após 72 meses terá o mesmo carro e uma poupança de R$ 52.350,00 reais depositada no tesouro e mais o valor do seu veículo usado.
A nossa postura frente aos juros tem que ser implacável para que os seus frutos não sejam destruídos. Infelizmente 95% da população não têm controle orçamentário das suas finanças pessoais. A nova geração tem que acordar para uma postura racional de consumo.
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