Fraude - Quem paga a conta?

Recente publicação da KPMG em revista especializada sobre “Fraude - um desafio para a governança corporativa” com base em uma pesquisa realizada em 2009, com mais de 1.000 empresas, revelou um lado obscuro das organizações que assistimos diariamente nos telejornais sobre os políticos brasileiros. A tolerância endêmica para atos ilícitos dentro das organizações.


O estudo apontou que 61% dos atos fraudulentos são cometidas pelos próprios funcionários, 78% dos atos ilícitos são cometidos por homens, por serem a maioria no mercado a mais tempo, 65% dos fraudadores tem entre 26 e 40 anos dos quais 29% recebem em média R$ 1 mil a R$ 2 mil e 22% entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.
Na maior parte das fraudes – 77% - os valores envolvidos estão abaixo de R$ 1 milhão. 41% dos fraudadores tem entre 2 e 5 anos na organização tempo necessário para adquirir a confiança para prática dos atos ilícitos.

A falsificação de cheques, documentos e balanços, roubos de ativos e emissão de notas fiscais frias estão entre delitos mais cometidos. Por trás dos comportamentos fraudulentos, esconde-se, além da ausência de valores, um sério desvio de personalidade e caráter.

O curioso é que em muitos casos as empresas chegam até a pagar bônus para o fraudador. As empresas “costumam” fingir que não vêem, por conta do retorno de altos lucros. Só se manifestam quando os atos ilícitos são descobertos. Mesmo assim, parte delas relutam em levar os casos adiante, por temer arranhões em sua reputação.

O caso mais emblemático em todo mundo deu um prejuízo de 5 bilhões de euros ao banco francês Sociéte Génerale. O funcionário Jerome Kerviel foi considerado o maior fraudador da história chegou a movimentar 50 bilhões de euros valor superior ao patrimônio liquido do Banco.

As empresas nem sempre punem os responsáveis porque acreditam que não conseguirão recuperar o dinheiro. Também é comum não demiti-los por justa causa por receio de que o assunto possa gerar batalhas judiciais, principalmente quando as investigações não são bastante detalhadas, o que poderá se reverter contra a empresa.

O site Reclame Aqui tem monitorado fraudes de reclamações “fabricadas” para a valorização das empresas nos seus índices de avaliação.

Recentemente o monitoramento do site apontou uma melhora incompatível com o nível de reclamações de uma determinada empresa do seu índice de avaliação e instalou uma investigação para verificar e certificar a melhora.

Quando uma empresa apresenta distorções o site retira do ar o índice de avaliação até que tenha certeza da avaliação correta deixando com o status em análise.

Neste caso, a empresa entrou em contato com o site para questionando a ausência da avaliação, pois utiliza o indicador para análise e premiação da sua equipe de atendimento.

Após análise foi identificado uma produção em série de reclamações da mesma origem com solução e notas satisfatórias visando alavancar o seu índice. Típica fraude praticada contra empresa e consumidor forjando resultado. Segundo a empresa, este ato era praticado por um funcionário para melhorar sua avaliação e remuneração pessoal. A empresa formalizou o pedido de desculpas ao site ReclameAQUI pela fraude praticada pelo seu funcionário que foi demitido.

A insuficiência de controles internos encontra-se como o principal facilitador para esse tipo de fraude. A melhor alternativa é trabalhar de forma preventiva investindo na instalação de comitês de auditoria e criando indicadores sobre fraudes.

A contratação de auditorias externas especializadas e adoção de índices externos sem a gerência da empresa na sua apuração vêm demonstrando ser a melhor ferramenta para minimizar as fraudes.

A benevolência em tratar os fraudadores é a mesma que encontramos nos parlamentares em casos nacionalmente divulgados pelos principais veículos de comunicação. Afinal de contas o Congresso é uma pequena amostra da nossa sociedade legitimamente eleito.

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