Aposentadoria

A Serasa, esta semana, mostrou novo índice de educação financeira dos brasileiros: 48% dos brasileiros não fazem nenhum tipo de investimento para sua aposentadoria. Quase a metade da população não se prepara para sua aposentadoria.
Rio de Janeiro

A pesquisa revelou que a contribuição à previdência social (INSS) é o único investimento para a aposentadoria para 42% dos entrevistados. E apenas 5% combinam a contribuição ao INSS com algum plano de previdência. Uma parcela ainda menor, correspondente a 2% dos entrevistados, possui a previdência privada como única forma de acumulação de patrimônio para a aposentadoria. Cerca de 3% dos entrevistados não souberam ou se recusaram a responder se possuem algum tipo de poupança para a aposentadoria.

O comportamento do brasileiro com relação a sua aposentadoria vem confirmar sua postura imediatista, fruto de uma sociedade que por um longo período sofreu com desmandos econômicos, processos hiperinflacionários e confisco da sua poupança. Levando a uma orientação muito forte ao curto prazo, em detrimento do longo prazo.

O que temos visto mesmo quem investe pensando no longo prazo muitas vezes planeja sua aposentadoria da forma errada. Mais do que escolher os investimentos que te garantirão uma vida tranquila lá na frente, é preciso entender quanto você precisará para se manter, sem se equivocar sobre o tempo e sem subestimar o efeito da inflação.

Veja e avalie se os seus conceitos sobre a aposentadoria estão equivocados:

1) Expectativa de vida. 

Jorginho Guinle mostrou que nem sempre sabemos calcular qual vai ser a duração da nossa vida. Apesar da sua fortuna e do seu estilo de vida terminou seus dias vivendo de favor e benevolência de terceiros.

Na hora de calcular a duração da aposentadoria, muitos fazem estimativas anacrônicas e não se planejam para o longuíssimo prazo. “As pessoas acham que não vão viver mais 30 ou 40 anos depois de se aposentar quando muitos vão chegar aos 100 anos e a grande maioria até os 90. Muita gente esquece que a medicina evoluiu. Você Está Preparado Financeiramente para Viver até os 90 ou 100 Anos? Hoje é inconcebível não formular um planejamento financeiro para aposentadoria para que se chegue pelo menos aos 90 anos, sendo conservador. Meus avós maternos tiveram vida de 93 e 100 anos respectivamente.

2) Contar com retorno dos filhos

Destinar todas suas finanças à criação e educação dos filhos é uma obrigação na atual sociedade, mas esperar que eles retribuam isso futuramente, sem dar importância aos seus investimentos, é um erro crasso. De fato a grandíssima maioria dos filhos ajuda o pai, mas a relação familiar muda quando isso acontece. Até lá os filhos já terão seu próprio núcleo familiar e precisarão sustentar sua família. Tornando comprometedor a formação de poupança para este novo núcleo. Caso você venha de um histórico familiar com este deve redobrar os esforços para evitar a continuidade.

Muitos pais observam os filhos apontando na carreira hoje e por isso acham que eles devam ajudar em 20 ou 30 anos. Os filhos tem obrigação de ajudar quando moram no mesmo núcleo familiar.

3) Padrão de vida

Apesar de muitos contarem com isso, é mais difícil do que se pensa reduzir os gastos na aposentadoria. O que é possível reduzir de gastos são os relacionados aos filhos quando eles se tornam independentes, somente. A partir do 59 anos o plano de saúde fica bem mais caro, o uso de remédios torna-se recorrente e, como sobra muito tempo livre, há mais necessidade de preencher o tempo e o item que preenche o tempo é o lazer, que gera muitos custos.

Outra preocupação necessária é ter a consciência que o plano de saúde não cobrirá todos os gastos. De fato, ele sustenta uma parcela importante das despesas, mas, ainda assim, muitos gastos ficam de fora da cobertura. Tais como: despesas com remédio, enfermeiros e cuidados especiais.

Os preços aumentam e a vida mais austera pode não surtir efeito algum. Todo mundo quer manter seu padrão de vida, mas não têm noção do quão mais caro as coisas podem estar quando chegarem à aposentadoria. Além da inflação, que come boa parte dos valores poupados, também é preciso considerar que as rentabilidades das aplicações podem diminuir.

O cenário atual é um bom exemplo disso. Há dois anos, investimentos em renda fixa atrelados à taxa Selic estavam em alta, mas, com o ciclo de quedas recente da taxa básica de juros, estes mesmos investimentos estão rendendo muito menos do que rendiam antes. Este efeito provocou o maior confisco de poupança visto nos últimos tempos.

4) Postergar sempre

O primeiro aspecto a ser analisado é impossível saber qual será a sua disposição física e psicológica no futuro, não se sabe quais serão as condições do seu mercado de trabalho quando o momento de se aposentar chegar. Portanto seja dizimista de você mesmo sempre. Considere que no mínimo 10% da sua renda tem que ser canalizada para investimento de longo prazo. 

As empresas têm aposentado seus funcionários compulsoriamente e pesquisas têm mostrado que quanto maior a faixa etária maior a dificuldade de recolocação do profissional. Resumindo: é melhor estar preparado para se aposentar antes do que o previsto do que depois.

As nossas condições físicas e psicológicas exigem que nós resolvamos sempre as coisas que estão à nossa frente. Deixar os investimentos para depois pode tornar tudo muito mais difícil. Quanto antes o planejamento for feito, menor será o valor mensal destinado às aplicações e mais arriscada poderá ser a sua estratégia de investimento.

5) Investir não somente para se aposentar

O primeiro passo do planejamento financeiro deve ser a formação de uma reserva de emergência: uma poupança que permita ao investidor sustentar-se por meses diante de uma situação imprevista, como a perda do emprego ou um problema de família.

Essa reserva é muito importante para evitar que você precise resgatar seus investimentos para a aposentadoria em um momento de dificuldade. Conheço diversos casais que tinham uma reserva para aposentadoria que, na visão deles, era confortável, mas o marido perdeu o emprego e não está conseguindo se recolocar. Outros que um dos cônjuges ficou com uma doença grave que consumiu suas reservas.

6) A inflação é importante

A inflação acumulada pode transformar rapidamente as economias de uma vida toda em uma poupança mirrada. Por isso, na hora de planejar quanto é preciso acumular, de acordo com a renda que se pretende ter futuramente, é crucial incluir a inflação no cálculo. Saiba que não existe um pior tributo que a inflação que corrói a capacidade de compra das suas aplicações.

A gestão de seus recursos deve repor a inflação média apontada pelos índices publicados no mínimo, mas deve levar em consideração a sua inflação pessoal. Observamos aumentos bem acima dos índices de produtos e serviços de determinadas classes que veem corroendo suas reservas diminuindo seu poder atuarial de aposentadoria.

Investir em produtos atrelados à inflação é uma das principais orientações para quem planeja a aposentadoria. Alguns dos investimentos mais indicados são: as NTN-Bs, títulos do Tesouro Direto que remuneram o investidor com uma taxa prefixada mais a variação da inflação medida pelo IPCA; fundos imobiliários que invistam em imóveis cujos contratos de locação sejam corrigidos por índices inflacionários; e ações de empresas com receitas corrigidas pela inflação.

7) Quando parar

Museu da TAM
Algumas pessoas planejam acumular 1 milhão de reais até os 60 anos e acreditam que conseguirão se sustentar apenas com a rentabilidade desse valor acumulado, mantendo o milhão intacto até o fim. A lógica parece boa: mesmo se esse valor estivesse aplicado em um investimento conservador, como a poupança antiga, se todo mês o investidor ganhar 0,5% do valor, ele teria 5 mil reais por mês, sem tocar no milhão. Mas, essa teoria é o clássico erro de planejamento no longo prazo, hoje os produtos e serviços que eu compro com 5 mil reais, em 15 anos eu não compro nem a metade.

O bom planejamento deve permitir que ela chegue à aposentadoria com: uma renda mensal de 5 mil reais, já descontada a inflação; uma renda proveniente do INSS (previdência social), que servirá para cobrir os custos do plano de saúde; e um imóvel para usar como moradia. Vale ressaltar, porém, que uma renda mensal de 5 mil reais pode ser muito satisfatória para alguns, mas muito baixa para outros. Uma boa dica para saber quanto acumular até a aposentadoria é pensar sobre a sua renda mensal hoje e avaliar qual porcentagem dessa renda pode ser suficiente para te prover o padrão que você deseja manter na sua aposentadoria.

8) Não basta somente um bom plano financeiro

Apesar de a situação financeira ser um aspecto muito importante da aposentadoria, planos em outras áreas também devem se feitos.

Qualidade de vida é resultado da combinação de fatores subjetivos (como o grau de satisfação geral de um indivíduo com a própria vida) e de fatores objetivos, como o bem-estar material, boas relações familiares, enfim, vários itens que somados proporcionam tranquilidade, confiança, segurança, bem-estar. A qualidade de vida precisa suprir as necessidades humanas integrais, em seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais.

O sucesso dessa busca depende, antes de tudo, da vontade e do comprometimento com a ação por parte de cada um. A qualidade de vida está presente, quando cada um se volta para a busca de novos caminhos para uma vida mais saudável em todos os aspectos e assume, com responsabilidade, que o momento atual é o mais importante porque irá delinear nossas condições futuras de vida. Não é tão complicado assim fazer um check-up anual e evitar, assim, um tratamento longo mais tarde. Cuide-se e aproveite os recursos que existem hoje para viver de modo mais pleno e feliz.

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