Os poderes nas mãos dos maus


Os especialistas estão buscando decifrar o comportamento de compras impulsionado pelo aumento da renda e do crédito. Realizar sonhos antigos de consumo nunca foi tão fácil para uma grande massa de brasileiros. Experimentam uma dinâmica de prosperidade inédita concretizando desejos de consumo.
Os brasileiros estão escalando novos patamares de consumo.  Chegou momento da primeira casa, primeira viagem, primeiro computador, o curso superior dando um salto de consumo que está apenas começando.
Nos últimos cinco anos mais de 34 milhões de pessoas entraram nas classes A, B e C no Brasil. A expectativa, segundo a FGV, mais de 30 milhões deverão aumentar este grupo até 2014.
Devemos atingir o posto do quinto maior mercado consumidor do mundo já em 2014, segundo a consultoria LCA. Seremos mais de 144 milhões de pessoas consumindo além da cesta básica.
As empresas necessitam reaprender o que querem, sabem e experimentam os novos consumidores.
Quando se olha para o mercado como um todo, observa-se também um ciclo de consumo agregado, que é a soma dos desejos individuais de milhões. O Brasil entrou em uma espiral ascendente tornando a grande estrela mundial.
Infelizmente a baixa qualidade dos serviços públicos permanece como o grande gargalho. Hoje é inadmissível que se demore mais de 166 dias para abertura de uma empresa. A Receita Federal ainda comporta-se como um elefante dentro de uma loja de cristal.
A falta de estrutura é latente e a saúde pública uma vergonha. A segurança uma falácia, crianças morrem com lápis na mão sentada.
A mídia enalteceu o chamado “caso Bruno” dando ênfase diária com direito a cenas do próximo capítulo e pincelou uma morte brutal de uma criança assassinada em no horário escolar sentada em uma carteira durante uma aula. Wesley morreu durante uma aula de matemática sendo alvejado por uma bala de um bandido.
Não assisti o congresso nacional fazer um minuto de silencio em honra a um brasileiro que temia somente uma coisa: “os tiros”.
O nosso presidente que carrega 80% da preferência nacional não mexeu uma palha para garantir a segurança das crianças que estudam em zona de alto risco.
A morte do menino Wesley que não estava na hora errada em lugar errado, diferente de recente morte brutal onde o jovem estava na hora errada no lugar errado, não teve repercussão nacional.
Não ouvi de nenhum Senador uma atitude digna de romper o silêncio e colocar a instituição em prol da população sofrida e maltratada pelo crime organizado.
Nunca o nível dos homens públicos foi tão sofrível. Parafraseando nosso mestre Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” 

Em 03 de outubro de 2010 teremos uma oportunidade de ouro de mudar a frase de Rui Barbosa. Precisamos aposentar os políticos de carteirinha. Veja a relação dos deputados estaduais e federais, caso este tenha mais de dois mandatos chegou o momento de sair do Monte Olimpo. 

Não acredito que dentro dos 190 milhões de habitantes não sejamos capazes de escolher poucos Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Governadores e Presidente da República. 

Verificar que encontramos senhores com mais de 40 anos exercendo o poder legislativo é uma vergonha. A alternância de poder é essência para a democracia. Caso contrário iremos ouvir ditadores como Hugo Chaves dizer bobagens e transformar o nosso país em um curral. 

Na minha insignificante opinião alternância de poder não quer dizer troca de partido no poder. Sabemos que os partidos políticos brasileiros não têm identidade. Basta ver as alianças oferecidas nas diversas regiões para entender que o que interessa é poder a qualquer custo. 

Alternância de poder é tirar os políticos que fazem da vida publica sua profissão. A divulgação da evolução patrimonial pessoal de alguns homens públicos é uma afronta a sociedade brasileira. 

Precisamos dar um basta no agigantamento dos homens maus nos poderes, recuperaremos a nossa honra e não teremos mais vergonha de ser honesto. 

Olho para meus filhos e tenho vontade de bradar que eles terão um país diferente. Levantamos finalmente do nosso berço esplêndido e passamos a ser uma economia sólida e invejada. Precisamos mais muito mais. Valorizar a honestidade, a honra, a dignidade e a justiça. 

Falta votar diferente para não perpetuar os poderes nas mãos dos homens maus.

Ricardo Fraga Moreira Miragaia – Administrador de Empresas

Comentários

  1. Muito boa reflexão. Se me permite, só não tocou em um ponto que me parece essencial: Onde estão os bons, que não se apresentam?

    Pior que isso: quando os bons se elegem e fazem um bom trabalho - e isso acontece eventualmente - por que razão não se reelegem?

    Onde estamos que não resolvemos encarar o desafio?

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  2. Concordo parcialmente com seus comentários inteligentes e oportunos mas acredito que a história dos graves problemas estruturais e sociais sempre aparecem em época de eleição.
    Devemos ter consciência da importância da participação do cidadão,sempre,e principalmente de formadores de opinião como é seu caso. Caminhas permanentes e estruturadas em parceria com a comunidade são necessárias,realmente dia 3 de outubro é o dia de acertar contas, mas todos os dias devem ser de repudiar o descaso de políticos e dirigentes que tratam pessoas com descaso e irresponsabilidade.Pense em uma campanhas permanente.

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