No meio do caminho havia uma Copa do Mundo

"Na época, o sistema legislativo francês dividia-se em três grupos, os chamados três Estados: o primeiro compreendia os representantes da nobreza; já o segundo representava o clero católico; finalmente, o terceiro, representava a população em geral. Os dois primeiros grupos votavam quase sempre em conjunto deixando o Terceiro Estado isolado e marginalizado, tornando qualquer proposta de mudança da situação pela via política bastante difícil.
Diante dessa situação de falta de representatividade política, somada à dilapidação dos cofres públicos promovida pela nobreza e pelo clero, aos problemas econômicos enfrentados pelo país na época (devido à participação francesa na guerra de independência dos Estados Unidos somada às colheitas deficitárias ocorridas naqueles últimos anos), a situação torna-se insustentável, o que lança o povo contra o governo de modo dramático, tomando o controle do país à força. 
Esta tomada de posição das classes mais humildes irá tomar da classe burguesa o comando pelas reformas no país. É assim que, a 25 de agosto do mesmo ano de 1789, a revolução em curso aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, documento de inspiração iluminista que marca o declínio dos traços do sistema feudal ainda vigente no país, defendendo direitos considerados atualmente básicos e fundamentais, como direito à liberdade, igualdade perante à lei, inviolabilidade da propriedade privada e resistência a qualquer tipo de opressão.
Foto Portal Terra
Quando vejo as recentes manifestações publicas em diversas cidades brasileiras começo a refletir sobre a queda da Bastilha da revolução francesa. Esta entre as maiores revoluções da história da humanidade. O primeiro ponto que gostaria de chamar atenção ao longo da História a miséria tem provocado muitos motins, mas em regra não provoca revoluções. A situação da França, antes da Revolução, era a de um Estado pobre num país rico.

Outro aspecto interessante é os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e apenas uma ordem sustentava o país, deixando obviamente a balança comercial negativa ante os elevados custos das sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos gastos da corte do rei Luís XVI.

As causas econômicas também eram estruturais. As riquezas eram mal distribuídas; a crise produtiva manufatureira estava ligada ao sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. Isso descontentou a burguesia.

Em fevereiro de 1787, o ministro das finanças, Loménie de Brienne, submeteu a uma Assembleia de Notáveis, escolhidos de entre a nobreza, clero, burguesia e burocracia, um projeto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da nobreza e do clero. Esta Assembleia não aprovou o novo imposto, pedindo que o rei Luís XVI convocasse os Estados-Gerais.

A soma de fatores como má distribuição de renda, privilégios a uma minoria da corte, alta carga tributária, falta de crescimento levaram a muitos nobres perderam a cabeça na revolução Francesa.

O nosso Brasil, apesar das ultimas conquistas, enfrenta novamente a alta desenfreada da inflação aliado ao baixo crescimento. O antecessor da atual presidenta na sua politica de pão e circo deixou uma bomba relógio armada que acaba de explodir as vésperas maior circo comprado peso de ouro dos últimos tempos a Copa do Mundo.

Os recentes aumentos das tarifas publicas de transporte serviu como uma gota de agua e levou a "o  despertar social no Brasil". Mais de um milhão de manifestantes marcharam nas ruas. Os protestos em massa trovejando uma matriz de queixas de estádios caros, políticos corruptos, saúde precária, impostos altos e escolas de má qualidade se espalhou para mais de 100 cidades com o aumento da ferocidade.

De repente, um país que a pouco tempo era visto como um excelente exemplo de uma potência em ascensão, democrático encontra-se abalado por uma revolta popular sem liderança e com um tema unificador: um bravo, e às vezes violento, a rejeição da atual política.

Eu vi a juventude a tomar as ruas e aplaudi em pé, pago meus impostos, plano de saúde, escola particular a meus filhos, ando de carro e me sinto roubado todos os dias ao ver os noticiários. Como li em um cartaz nas ruas:

"País rico não é aquele que o pobre anda de carro, e sim o rico anda de transporte publico."

Carlos Drummond de Andrade até escreveria: 

No meio do caminho havia uma Copa do Mundo  
No meio da Copa do Mundo achamos um caminho 
Nunca me esquecerei desse acontecimento 
No meio do caminho havia uma Copa do Mundo

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